30 setembro 2013

O mundo a conspirar

A minha melhor amiga daqui vai-se mudar para longe. A minha amiga do coração, que partilha do meu sentido de humor, inteligente, leal, divertida, vai-se embora. Estou a dramatizar, a distância não é assim tanta, hora e meia de avião mais os tempos mortos (ir para o aeroporto, esperar pelo embarque, rezar para que não esteja overbooked, voar, esperar pela mala, viagem até ao destino final), mas vai-me custar tanto.
A minha amiga que me bate à porta quando precisa de ajuda, a minha amiga que me dá uma mão sem hesitar sempre que lhe peço, a minha amiga que conta histórias mirabolantes e tem ideias geniais, a minha amiga com um bom senso e sentido de justiça bem acima da média, a minha amiga-irmã que fica sempre do meu lado quando as coisas me correm menos bem.
Ela ainda não se foi e já estou cheia de saudades.

28 setembro 2013

A agonia da escolha

Preciso de enviar uma foto para acompanhar um resumo do meu CV. Não tenho nenhuma foto profissional, nem de fato, nem, em poucas palavras, uma que goste. Estou a pensar em mandar uma com o equipamento de motard vestido. Pelo menos deve ser original.

Atirar com o telefone

Alguém dizia que os adolescentes de hoje provavelmente sentem uma enorme frustração por não poderem desligar o telefone na cara de alguém com a violência dos tempos dos telefones à antiga.
Não se pode sentir a falta de algo que nunca se experienciou.

24 setembro 2013

Défice de atenção

Há uns tempos discutia com um amigo qual a duração ideal de um vídeo publicado na internet. Ele argumentava que seriam alguns minutos (uns 3? já nem me lembro). Na minha opinião, qualquer coisa com mais de 30 segundos tinha de ser verdadeiramente excepcional para captar a atenção. E se calhar, estes 30 segundos já são um exagero, metade devia ser suficiente.
Não sei se isto é apenas verdade para mim, e a minha amostra de pessoas disponíveis parecidas comigo, ou se será válido para a minha faixa etária e a faixa ligeiramente acima da minha (a geração X), famosa por ter um défice de atenção elevado.
No meu caso, tenho uma velocidade de leitura muito rápida, escrevo no computador quase à velocidade do discurso falado, falo também bastante depressa - principalmente na minha língua materna - e não gosto de perder tempo. Sou despachada, evito filas sempre que posso, tento optimizar o tempo de forma a desperdiçar o mínimo possível. Afinal de contas, a vida é curta. E quanto aos vídeos?
Ninguém fala tão depressa quanto eu leio, pelo menos de forma inteligível. Se o vídeo for daqueles de "conversa", se houver possibilidade de ler a transcrição, é isso mesmo que vou fazer. Além da questão do tempo, há a questão da maneira como a minha memória funciona: tenho muito mais facilidade em lembrar-me de informação escrita do que ouvida, principalmente se for informação técnica. Por outro lado, se houver bons gráficos num vídeo (ou quadro, ou apresentação), essa forma de escrita pode ajudar-me a reter a informação.
E os vídeos de lazer? Durante o dia tenho tendência a não ter tempo para eles. Se me enviarem um link muito bom guardo para mais tarde - e às vezes fica para dia de S.Nunca porque o tempo livre que tenho para vídeos é extremamente curto. Tudo o que for vídeo da net e abro tem 5 a 10 segundos para provar que vale a pena. Muitas vezes chego à conclusão que não devia ter perdido tempo com os vídeos que obrigam a aturar uns segundos de publicidade antes de começarem - muitas vezes perco mais tempo a ver a publicidade do que a efectivamente ver o tal vídeo me me mandaram.
Finalmente, a televisão e afins.
Eu não costumo ver filmes. Durante o dia não tenho duas horas livres, e à noite... devo estar cansada. Os filmes duram tanto tempo que eu adormeço a meio. Andei um mês para ver o Mon Oncle, e nunca o consegui ver de uma ponta à outra. Na televisão, então é uma desgraça, vejo um bocado e nunca mais apanho o resto. Sobra o cinema. Para o qual também tenho muito pouco tempo. Gosto muito, mas é um bocado como os livros, só há disponibilidade nas férias. Portanto, é uma hipótese bastante limitada.
Os meus vídeos favoritos, são séries. Em DVD, as séries completas para ver episódios uns atrás dos outros, ou não, consoante a vontade. Ando sempre à procura da próxima caixa que valha a pena. Episódios entre 20 e 45 minutos, idealmente.
Quanto aos vídeos na net, há quem tenha feito contas e diga que os vídeos visualizados na net no ano passado têm em média pouco mais de 5 minutos. (fonte) E que, talvez por causa de pessoas como eu, há cada vez mais serviços  de publicação de micro-vídeos. Por mim, óptimo. Já agora, para quando o nextflix sem restrições na Europa inteira? :D

Dos livros

Lia (leu, li), os livros da bibioteca todos. Bem, todos não. Lia (leu, li) todos os livros da secção infantil da biblioteca. Todos os que se podiam levar emprestados (levar para casa), aos cinco de cada vez, e no dia seguinte ia trocar por outros. Todos os que eram apenas para leitura na biblioteca, passara (passou, passei) manhãs infindas a ler um atrás do outro. Quando a biblioteca recebia livros novos era uma alegria, logo que estavam prontos a ser emprestados, para leitura no local ou fora, eram imediatamente devorados.
Lia (leu, li) aí uma metade dos livros da secção juvenil. Nunca leu (li) os livros classificados para gente crescida, ou por temas, embora continuasse a usar a biblioteca para estudar matemática com as amigas.
Depois da biblioteca, os livros passaram a ser companhia de férias. Livros grandes, pequenos, devorados a grande velocidade nas horas contadas do verão e do Natal. E às vezes livros de contos, antes de dormir, um conto por noite porque os livros de contos não se devem ler de uma ponta à outra como se não houvesse amanhã.
Quando vieram os miúdos, regressou (regressei) aos livros infantis. Desta vez a escolher o que se lê pelo conteúdo, pelo autor, pelas ilustrações. A preferir autores portugueses, personagens com nomes de miúdos que lhe (me) poderiam ter feito companhia na escola, realidades com que se (me) identifica (identifico). Livros que são como algodão doce, almofadas de penas, a cama quando se acorda de manhã e é fim de semana e faz sol.
Dos outros livros que lê (leio), pesados, com letras pequenas, que fazem ler para trás e para a frente, de tantas referências que têm, não se contam histórias.

20 setembro 2013

Das companhias low cost

Não sei como é que vou conseguir meter roupa para mais de uma semana dentro de uma única mala. Bagagem de mão. Com a dificuldade acrescida de que tem que ser roupa de trabalho. A cereja no cimo do bolo: vou precisar de roupa para o frio e para o calor. O pior de tudo vai ser escolher os sapatos.
Problemas de primeiro mundo, né.

18 setembro 2013

Por aqui também há eleições

Se pensam que encontraram tesourinhos deprimentes nos cartazes das eleições autárquicas, olhem só o cartaz que puseram a decorar a cidade de Munique:




Poste sim, poste não, um destes. Há ainda uma outra versão em cartaz gigante. Ando há 19 dias a olhar para estes rabos republicanos. A pergunta que eles fazem é "que rabo é que você vai escolher a seguir?" (rabo tem duplo sentido). As cores dos rabos: vermelho, verde, preto e amarelo correspondem respectivamente aos quatro maiores partidos políticos. Aquilo que realmente me pergunto é: onde é que arranjaram gente para fazer isto? Será que este cartaz é a prova que os alemães usam qualquer desculpa para tirar a roupa? Dois dos rabos parecem ser de mulher e outros dois de homem, estarei enganada? E finalmente, será que isto conquista votos?

(já não escrevia um post sobre rabos alemães há demasiado tempo)

17 setembro 2013

Genial - blog do dia

Por causa de uma pesquisa na net que nada tinha a ver com blogues, fui dar ao do Mauro Souza, e que achado este blogue se revelou. O Mauro é ilustrador, e os desenhos e ilustrações que publica no seu blog são geniais. Adoro as cores, o preto e branco, os bonecos, tudo. Estou capaz de desatar a comprar os livros infanto-juvenis que ele ilustrou só para me deliciar a ver as imagens. Vão lá ver, é lindo mesmo.

16 setembro 2013

Está bom é para trabalhar. Dentro de quatro paredes. E um tecto.

O verão acabou. Acabou no dia em que regressei de férias, no instante em que atravessei a fronteira geográfica que, no fundo, também é uma fronteira metereológica. Já não vejo o sol há uns dias, tempo demais. Para contrastar, alguém ligou as notícias na televisão, que eu tenho por hábito não ver, e apanhei o momento da previsão do estado do tempo. Calor, sol, e fogos florestais em Portugal. Cinzento e frio por aqui. O (supostamente inteligente) sistema de aquecimento central está naqueles dias em que não sabe se há-de decidir ligar-se ou não, se está mesmo a arrefecer ou se são só umas horas de tempo mais frio. Volto a ser visitante assídua dos sites de previsão do tempo. Amanhã, 12 graus de temperatura máxima. Acho que está na altura de acender uma fogueira a lareira.

11 setembro 2013

Não percebo

A cena de tirar fotos aos saltos. Em espaços públicos. Onde mais ninguém anda aos saltos. Sem nenhum motivo de alegria em particular. Não percebo isto de dar saltos para a fotografia. E depois, ficam ali a pular às meias horas, até que o fotógrafo apanhe uma do instante certo. Estranho.

03 setembro 2013

Aquele momento estranho

Ia desejar os parabéns ao rapaz que faz anos, e comecei pelo início:

"Parabéns."
As mensagens deste género começam sempre assim. Depois acrescentei,

"onde quer que estejas".
E pensei, isto soa estranho. O rapaz está vivo, ainda alguém pensa que lhe aconteceu alguma coisa.
Ia escrever também: "sei que isto soa esquisito, mas tanto quanto sei, estás no meio do mar".
Reconsiderei, isto parece ainda mais estranho - e caso de polícia. Ainda me vêm bater à porta a perguntar pelo rapaz, e eu nem vou poder dizer mais do que um "sei lá, deve estar no meio do mar - e nem sei qual."
Apaguei tudo. Escrevi apenas parabéns. Não se podem mandar mensagens personalizadas a marinheiros.

01 setembro 2013

O amor aos gelados

Há muitos anos atrás - na realidade já não me lembro há quantos, mas "muitos" é relativo, e para mim foi há uma ou duas vidas atrás que isto aconteceu - tinha por hábito comprar gelados no shopping. Isto no tempo em que os stands no meio dos corredores ou nas zonas de cruzamento eram novidade. Na lojinha dos gelados onde costumava ir, havia um rapaz que era sempre uma simpatia. Ou me fazia umas bolas maiores, ou me dava uma bola extra, já não me lembro bem, mas tinha sempre um gesto simpático que eu agradecia com um sorriso. Os sorrisos não custam nada e alegram o dia à maior parte das pessoas, pensava eu (e ainda penso). Hoje em dia não sei bem se aquilo era só simpatia ou se eu é que não percebi que o rapaz andava a ver se arranjava coragem para me perguntar se queria ir tomar um café com ele. Eu nestas coisas sempre fui um bocado inocente.
Durante este verão escolhi uma gelataria pelos gelados maravilhosos que tinham. Das primeiras vezes fui servida por um senhor que fazia umas bolas de gelado bem grandes - isto de aliar a quantidade à qualidade é um factor essencial - mas mais tarde calhava-me sempre uma rapariga nova. E não é que a rapariga, provavelmente compartilhando a minha apreciação por um bom gelado, de cada vez que eu lá ia me oferecia sempre um gelado novo para eu provar?
Por artes do destino e sortes de pneus furados, fui parar a uma outra terra que normalmente evito no verão, com tempo para gastar e pouco ou nada que fazer. Encontrei uma gelataria italiana onde só entrei porque estava vazia e eu precisava de paz, onde o empregado brasileiro me fez um batido de gelado e fruta a pedido, absolutamente perfeito. Quando percebeu o quanto eu aprecio gelados, tornei-me a cobaia dos sabores: provei gelados de tiramisu (maravilhoso, e eu nem gosto de tiramisu) e de figo. Fiquei com pena de não ter mais tempo morto ou a capacidade de encher a barriga de gelado porque se pudesse era ali mesmo que eu ficava a deliciar-me.
De onde deduzo que a única coisa que a malta dos gelados tem em mente é que as coisas boas devem ser partilhadas. E eu concordo.